quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sozinho em São Francisco





cabos eletrizados, pontes
e prédios, torres de telefone;
muros altos, ricos e pobres
separados por câmeras de alarme
e fome,

        o fluxo de ruas riscadas de tinta
nessa cidade quase sem coração.

escondido entre o silêncio de pensamentos calados
e a serração, 

                          por trás da neblina
das luzes brancas da estrada escura
e de vultos que se movem entre carros
e sentimentos sonhados sem chance alguma
nessa selva de alma concreta
dessa cidade deserta.

as ondas contra a corrente, um corpo
no desfecho da alvorada, uma babel
onde homens também são vira-latas
e uma nova ternura morena é possível
separada por cercas elétricas
harmônicas e melódicas
em meio ao caos das horas extintas
e de braços exaustos de tanto,

                                            e mais tanto
e de minutos desperdiçados à toa
enquanto os olhos 
          
                   desviam dos olhos que escapam
e a boca murmura um som de desejo ansiado,
 diminuto—
sobre a cerveja amarga. parados no semâforo
mirando as placas verdes de saída
sem saber da chegada.


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