quarta-feira, 27 de junho de 2012

Futuro

a Stéphane Mallarmé




o verso de amanhã nascerá
do ruído de passos nas ruas
e da cadência vacilante das luzes
sobre o manto da cidade.

surgirá do eco das vozes
atravessando os prédios
de camadas de concreto.

o verso do futuro será
como um choro retumbante
de motores cansados.

será o pulso das coisas sem vida,
o brilho nos olhos da pedra,
o arfar do peito
da respiração morna
das coisas mortas.

o poema do amanhã nascerá
quase vazio,
espaçado por soluços de silêncio
e bocejos ansiosos
traduzidos em palavras,

sem quase sentido
e quase nenhum significado.

nascerá quase apenas do som
do toque da mão
contra o céu.

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