quinta-feira, 30 de agosto de 2012


O que disse o Trovão


 




o que vem depois do universo?

Dédalo
voou tempo demais
deveras perto
do astro.

teve a cera que unia as penas
derretida, as asas
desfeitas, perdeu altura
caiu no mar
e sumiu.

nada.

mas existe algo que cerca
o universo e mostra
onde universo termina
e o nada começa?

aqui não há água, mas somente rocha
rocha e falta de água e a rua de terra.


tudo um dia chega.

o mundo gira sempre
e a luz frágil rompe

a carne terna, fina
e fatigada. a busca

da essência supõe
desfazer mais que destruir
                                   [morte por água.

o ser íntimo que somente se torna
o ser próprio
quando se torna estranho.

quando desperta
de séculos de sono

da luz da tocha no rosto úmido
do silêncio gélido dos jardins
do martírio da pedra
e do bramido.


pois se morre da mesma maneira
durante um dia de verão.

e há dores distintas
pra cada som diverso
ou fragmento de piso.

2 comentários:

  1. belos poema. vejo um pouco de t.s. eliot, o que faz do sentir a morbidez da escrita.

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