segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Vastas Emoçoes e Pensamentos Imperfeitos (I)



Sonho:


Percebo que estou envolto por uma éspecie de faixa elástica que cobre o meu corpo desde embaixo do umbigo até o princípio do esterno, envelopando o todo da caixa torácica e pressionando as costelas de maneira que mal posso respirar. A faixa é elástica, porém rija, hirta, muito tesa. Arfo em busca de ar enquanto procuro atenuar a pressão da faixa sobre os pulmões expandindo-a com a ajuda das mãos, da força dos braços que lutam raivosos, debatendo-se. A muito custo conquisto um ou outro arquejo apavorado, enquanto o cérebro quase sem sangue diz ao meu corpo pálido que morrerei em breve. São cinco ou dez minutos que parecem pra sempre. A matéria de carne luta pra livrar-se do aperto (não sei se em sonho apenas ou se também de fato na cama) suando, palpitando, esbaforindo. Os olhos pávidos flagram sobre a mesa o último recurso amolado, o gume delgado e cintilante da misericórdia. O braço se estica, o membro batalha pelo alcance da lâmina, os dedos anseiam pelo socorro da textura cálida da tesoura. A mão toca, apanha, agarra. Com as veias pulsando sobre as têmporas, o corpo exausto rege um derradeiro comando, um corte fundo, um talho preciso pelo centro da faixa, o resgate, o alívio, um respiro imenso 
e eu acordo agitado.

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