domingo, 5 de agosto de 2012

Valéry, O Caso Morel, mais um domingo.






o verso vacila
entre som e sentido,
memória e vontade.

erra entre signos idênticos
que são só letras recorrentes
combinadas em fonemas
até que o corpo
lhes atribui peso
e os carrega de dores,

risos, expectativas de dizeres
incomunicáveis. 

amor e ovo
são só palavras
até que o amor seja eterno
e o ovo o cotidiano repetido
da fome diária.

mas o amor pode ser rotina
cansada, e a lembrança da
compra da dúzia de ovos
                                    [ou da falta dela

pode ser tudo que sobrou
de um amor repetido, um amor já
sem apetite, sem mais eternidade

que os ovos na geladeira.

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